segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Tartaruga dada como extinta havia 150 anos é 'redescoberta'



Muitos animais vivem mais de 100 anos, o que dá esperança de que muitos ainda estejam por ser descobertos. Foto: Universidade de Yale/Divulgação Muitos animais vivem mais de 100 anos, o que dá esperança de que muitos ainda estejam por ser descobertos
Foto: Universidade de Yale/Divulgação
Cientistas da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, descobriram no arquipélago de Galápagos (Equador) dezenas de tartarugas gigantes de uma espécie que se acreditava extinta há 150 anos. Os animais foram encontrados na ilha Isabela, mais de 300 km distante da ilha Floreana, onde a espécie vivia até desaparecer devido à caça.



O artigo que descreve a pesquisa foi publicado na edição desta segunda-feira do jornal especializado Current Biology. A partir de testes genéticos, os pesquisadores encontraram 38 indivíduos "puro sangue" da espécie Chelonoidis elephantopus na ilha com condição.

"Isso não é simplesmente um exercício acadêmico", diz Gisella Caccone, que participou da pesquisa. "Se nós conseguimos encontrar estes indivíduos, nós podemos restaura-los à ilha de origem. Isso é importante já que esses animais são de uma espécie peça-chave, que tem um papel crucial na manutenção da integridade ecológica das comunidades da ilha."
FONTE: www.noticias.terra.com.br

As tartarugas das Galápagos ajudaram ao momento “Eureka!” de Charles Darwin. São todas provenientes de uma população comum, mas têm diferenças morfológicas de ilha para ilha devido à adaptação a cada local, o que faz com que sejam consideradas subespécies.

Muitas das observações que sustentaram a teoria da evolução que Darwin propôs, foram feitas no arquipélago, quando verificou estas pequenas diferenças na anatomia das tartarugas e em outros animais.

Quando chegou às Galápagos, em 1835, Darwin encontrou a subespécie Chelonoidis nigra nigra a viver na ilha de Floreana ou Santa Maria, uma das maiores ilhas. Mas passado alguns anos, a tartaruga desapareceu devido à caça intensiva especialmente feita pelos baleeiros, que levavam as tartarugas para alimento.

Recentemente, a equipa de Ryan Garrick percebeu que na maior ilha do arquipélago, a Isabela, há uma subespécie de tartarugas em que alguns indivíduos tinham ADN das tartarugas de Floreana. A comparação foi feita utilizando os espécimes mortos da tartaruga extinta que ficaram guardados nos museus.

Esta subespécie, Chelonoidis nigra becki vive no Norte da ilha, junto do vulcão de Wolf. A região é de difícil acesso e encontrar as tartarugas no meio da vegetação requer experiência, mas a descoberta de há três anos fez com que o grupo quisesse voltar para perceber melhor o significado desta mistura de genomas.

“A paisagem de Volcano Wolf é agreste, a vegetação é densa com imenso arbustos com muitos recantos e as carapaças [das tartarugas] são translúcidas, por isso é necessário um olho treinado para observar o brilho de uma carapaça”, disse Adalgisa Caccone, outra cientista do grupo, citada pela BBC News.

“O que nos espantou é que ninguém conhecia a população de vulcão de Wolf. Levámos 40 pessoas [na última expedição] e tivemos que parar de recolher [dados] porque, basicamente, acabou-se-nos os mantimentos”, referiu.

Os cientistas avaliaram geneticamente 1669 indivíduos. Ao todo, 84 eram híbridos entre as duas subespécies e 30 destes 84 tinham menos de 15 anos. Esta informação obrigou a repensar o estatuto de extinção da Chelonoidis nigra nigra.

A tartaruga-gigante das Galápagos não é só impressionante pelo seu tamanho. São répteis enormes, chegam a pesar quase meia tonelada e medem 1,8 metros de comprimento. É também impressionante pela sua longevidade, na natureza os indivíduos alcançam os 100 anos e em cativeiro há registos de tartarugas a viverem 170 anos.

Se há híbridos com 15 anos ou menos de idade, é muito provável que haja tartarugas da subespécie vivas na ilha. “Pelo que sabemos, esta é a primeira grande descrição da redescoberta de uma espécie através do rastreio das pegadas genéticas que deixou no genoma da descendência híbrida”, disse Ryan Garrick. Pelo número de híbridos que analisaram, a equipa julga haver 38 indivíduos geneticamente puros da Chelonoidis nigra nigra. Segundo os especialistas, aquelas tartarugas terão chegado ali pelas mãos de navios que viajavam de ilha para ilha.

Os cientistas só analisaram 20 por cento da população no vulcão de Wolf, por isso, em teoria, deverá existir um número suficiente de tartarugas da subespécie original para refundar a ilha de Floreana, apesar de ser difícil encontrar os indivíduos puros no meio dos outros. Outra alternativa para a recuperação da espécie será através do cruzamento e selecção artificial feitos entre híbridos para produzir tartarugas da subespécie original.

“A hibridação é considerada maioritariamente negativa na biologia de conservação”, disse Garrick. “Mas neste caso, os híbridos podem ser uma oportunidade de ressuscitar uma espécie ‘extinta’, através de um esforço intensivo de reprodução orientada.”
FONTE: www.publico.pt

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Quando a última árvore for cortada, quando o último rio for poluído, quando o último peixe for pescado, aí sim eles verão que dinheiro não se come…” Pensamento Indigenista.